Presos ensinavam como sacar dinheiro de contratos fraudulentos sem chamar atenção
 (Foto: Reprodução)
 (Foto: Reprodução)              Os empresários Lucas de Andrade Coutinho e George Willian de Oliveira, presos na Operação Fake Cloud, mantinham conversas detalhadas sobre como sacar o dinheiro obtido por meio de contratos fraudulentos com a prefeitura de Itaporã, em Mato Grosso do Sul.
Lucas Coutinho, que já está em sua terceira prisão por corrupção e ainda usava tornozeleira eletrônica, mostrou experiência no crime ao orientar seu parceiro. Em um diálogo interceptado em julho de 2022, os dois discutiam o saque de R$ 30 mil destinados ao pagamento de propina para o então superintendente de compras do município, Nilson dos Santos Pedroso.
Preocupado, George disse: “Preciso ir na agência liberar esse valor […] gerente etc”. Foi então que Lucas deu a orientação para evitar suspeitas: ele instruiu George a fazer saques fracionados em caixa eletrônico ao longo de vários dias, em vez de sacar o valor total de uma vez no guichê, o que exigiria justificativas ao gerente do banco.
“Saca no caixa eletrônico o que você consegue e agenda… saca hoje o que você conseguiu no caixa eletrônico, amanhã saca mais um pouco… sábado saca mais um pouco, domingo mais um pouco”, detalhou Lucas, sugerindo ainda que, se necessário, poderia ajudar a sacar o dinheiro em sua própria conta.
As investigações revelaram que Lucas, que já é acusado de fraudar R$ 68 milhões em contratos de saúde e educação ao lado do irmão, estava migrando para o ramo de tecnologia, considerado mais vantajoso.
A dupla fechou um contrato de R$ 104,4 mil com a prefeitura para serviços de “nuvem”. Em uma planilha apreendida, eles calculavam que o custo real do serviço era de apenas R$ 10 mil. Desse valor, R$ 30 mil foram separados para a propina do servidor público, e o lucro restante, de R$ 53.880, foi dividido igualmente entre eles.
Operação Fake Cloud
A operação, conduzida pelo Gecoc/MPMS com apoio do Gaeco, cumpriu três mandados de prisão preventiva e seis de busca e apreensão nas cidades de Itaporã, Campo Grande e Corumbá.
As investigações apuraram que um grupo criminoso fraudava sistematicamente processos de contratação pública por dispensa de licitação. Eles forjavam licitações para o fornecimento de sistemas de backup em nuvem – um serviço que, na verdade, nunca era entregue à prefeitura.
Por meio de propostas fictícias e exigências técnicas feitas sob medida, os investigados eliminavam a concorrência. Em troca de informações privilegiadas para operacionalizar as fraudes, agentes públicos recebiam vantagens indevidas. O grupo é investigado por organização criminosa, fraude em licitações, corrupção ativa e passiva.
O nome “Fake Cloud” (Nuvem Falsa) faz referência direta ao objeto dos contratos fraudulentos.
 
  
  
  
  
  
  
  
  
 


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